Recebo alguns e-mails a perguntarem-me se gosto e como, e se faço granola. Eu respondo sempre afirmativamente, depois de seguida perguntam o porquê de eu nunca colocar a receita no blog. Então é assim: eu penso (se não, tenho a certeza) há receitas de granola a dar com um pau na blogosfera, as modas pegam-se. :) "Se está na moda ponha-se na minha senhora" uma expressão popular que sempre ouvi a minha saudosa mãe dizer. Então vou contar uma pequena história minha. Há 10 anos quando o meu saudoso pai adoeceu e foi operado, eu tinha que ir para a Amadora de madrugada, e quando há 8 anos o meu pai voltou adoecer o que esteve entre nós 3 meses até à sua partida, eu saia de casa às 3 horas da manhã para tratar do meu pai (para a minha mãe descansar) e depois o levar com o meu irmão à radioterapia na Cuf, voltar para casa dos meus pais, e regressar ao fim do dia para minha casa, e eu sendo a eterna chatinha (gosto de ter tudo em ordem) tratar da minha casa, deixar comida feita para o outro dia etc, foi os meus grandes pequenos almoços (antes de sair de casa às 3 horas da manhã) comia (engolia) a minha tigela cheia de Weetabix com uma banana e um iogurte, ou um prato de aveia que fazia sempre na véspera e aquecia no micro-ondas, com uma banana e um iogurte, ou então a granola que quando tinha tempo de fazer também misturava com a banana e iogurte, e quem durante 3 meses só dormia 2 horas por noite, e sem apetite nenhum (os meus nervos, por magia fico sem fome, sempre fui, sou e serei assim), podem crer que foi mesmo estes pequenos almoços (de madrugada) que me manteve com força para tratar do meu pai e logo de seguida da minha mãe. Pois eu não comia, a minha mãe perguntava-me já comeste Bela, eu dizia que sim, e disfarçava pois não conseguia passar nada pela minha garganta. Quando o meu pai esteve internado, a minha mãe à hora do almoço ia ao refeitório do hospital almoçar, eu ficava a fazer companhia ao meu pai, depois chegava ela e o meu pai dizia logo: Bela, vai almoçar que o pai não gosta de te ver assim tão magrinha (sempre preocupado com os outros e nunca com ele) eu ia para o meu pai ficar descansado, mas passava pelo refeitório e ia à cafetaria pedir um chá, era o que eu conseguia, fazia um pouco de tempo e lá voltava eu para perto do meu pai, e ele contente a pensar que eu tinha almoçado. Quando foi para casa, continuei com o teatro, mas aí era para os dois, pois a minha mãe fazia a comida, mas eu não conseguia, dizia sempre já comi. Nos últimos dias o meu pai estava sempre de olhos fechados. Houve um dia quando ao fim da tarde me despedi dele para ir para minha casa, abriu os olhos e disse: O pai está mais contente, estás mais gordinha, tinha eu um lenço enrolado no pescoço e ele na sua tristeza da partida viu o que queria ver, a filha bem. Só para terem uma noção, eu tenho 1,67 de altura e na altura estava com menos de 50 kg daí não estava nada mais gordinha como ele imaginou. Fui para casa todo o caminho a chorar, pois senti que o meu pai se estava a despedir de mim. Cheguei a casa, tratei de tudo dei jantar à minha família e voltei logo de seguida para a Amadora eram 21,30 h estava eu a entrar em casa dos meus pais. Cheguei, abri a porta e diz logo a minha mãe: então Bela, já? Sim mãe, assim a mãe descansa que fico eu com o pai. Ela foi-se deitar, e fiquei a noite de vela a sentir o meu pai a partir. Às 6,30 horas da manhã ligo, para o Dr. H.G. e conto que já não conseguia dar a medicação das dores e que o meu pai estava em grande sofrimento, onde ele disse para eu chamar uma ambulância e leva-lo para o hospital, para dar entrada pelas urgências que ele ia tratar de tudo. Assim lavei o meu pai a muito custo com a ajuda do meu marido, dei-lhe banho (à gato) mudei a fralda, vesti-lhe um pijama lavado, e só depois chamei a ambulância, nessa altura acordou a minha mãe que não deu por nada. O meu pai partiu nessa madrugada de Domingo dia 2 de Março de 2008. Isto tudo para quê? Só para dizer, não sou mulher de modas, as modas são as minhas, dai eu nunca ter colocado aqui a minha granola pois se já a comia há anos, não é porque de repente passou a ser moda que vou falar. Agora vão pensar, não fala, mas está aqui a falar é doida. Sou sim senhora, mas uma doida saudável, estou a passar a minha receita a pedido de algumas seguidoras, que tenho o maior respeito. Passado uns anos o único que alterei foi o óleo uso o de coco. Sementes? Já coloquei, hoje não coloco mesmo. Não estou interessada que digam que fazem maravilhas, estou muito desconfiada sobre as ditas. Quando era pequena, sempre ouvi a minha mãe dizer: Belinha, não comas os caroços (eu por vezes engolia os caroços das cerejas) :) Não comas as sementes da melancia etc, era o que eu sempre ouvi. Agora passou tudo a fazer bem. Até quando? Pois, não sei.
-1 xícara de flocos de aveia
-4 c. de sopa de mel
-3 c. de sopa de óleo de coco
-80 g de miolo de amêndoa com pele
-80 g de miolo de avelãs
Coloquei os flocos numa tigela, deitei o óleo de coco aquecido com o mel, envolvi muito bem. Deitei a mistura espalhada num tabuleiro forrado com papel vegetal, e levei ao forno pré-aquecido a 180ºC durante vinte minutos, ao fim de 10 minutos com a ajuda de um garfo mexi a mistura para cozinhar por igual. Quando fez os vinte minutos juntei as amêndoas e avelãs cortadas grosseiramente e envolvi muito bem na mistura dos flocos. Levei de novo o tabuleiro com a mistura ao forno durante mais 15 minutos. Assim faço a minha granola. Simples.
P.S. Não liguem ao que está escrito na ardósia: amêndoas com casca, é pele ok? :)
"A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância"
(Dalai Lama)