Quem me segue sabe que o filho, foi para fora do País. Mas, quando falávamos no Skipe, o filho falava sempre das saudades, da minha comida, entretanto foi fazendo uma lista das iguarias que queria que eu fizesse quando ele chegasse no dia 24 de Dezembro. Uma delas foi o Cozido à Portuguesa, o seu prato preferido. Na noite de 23 para 24, escusado será dizer que não dormi, tinha o estômago cheiinho de borboletas, a ânsia de abraçar, cheirar e beijar o filho, estava a mil. Então durante a noite fui cozendo as carnes, arranjando as couves, descascando as batatas, cenouras, nabo, e arranjando os enchidos. deixei tudo preparado para o almoço. O avião chegava às 8 horas, mas eu quis sair de casa às 6,30 horas, todo o pessoal sabe e eu incluída que desde que não haja transito ou acidentes 15/20 minutos é mais que suficiente para chegar ao aeroporto de minha casa, mas também se sabe a incógnita que é a 2º Circular. Eu preferia esperar (como foi o caso) do que fazer o meu filho esperar. Além, que hoje já posso dizer aqui, pois o filho já sabe, não contei antes para não; preocupar, pois ele ao vir ao blog ficaria logo a saber. E...se há coisa que não gosto, é preocupar desnecessariamente os que amo. Mas, no dia 17 de Julho quando fui levar o filho, ao aeroporto, o transito estava caótico, acidentes foi mais que muitos, nem sei se era do calor ou não. Quando vinha para casa, o transito estava parado, paradito em Sete-Rios, pensei sair em Benfica e ir por caminhos conhecidos, para fugir à fila. Ok, mais valia estar quietita :). Despachar-me é verdade, passado uns 20 minutos estava já numa fila reduzida para entrar para a Ponte sobre o Tejo. Estava parada e com o pensamento longe, quando catrapúm, só senti uma forte pancada, e eu ser projetada, para a frente, os óculos de sol que vinham a servir de bandolete, desapareceram da cabeça. Não sei, como o meu carro não bateu no da frente. Sai do carro, e pensei!" Deus é grande", ainda bem que aconteceu na vinda. O carro que bateu saiu uma jovem lá de dentro com a idade da minha filha (33 anos) vestida ainda com a farda de trabalho (IMEL). Bem, olhei para a traseira do meu carro, bolas, bolinhas, tinha a bagageira bem danificada, sendo o meu carro até um pouco grande [Renault Mégane break 1.5 dci], pois o estrondo, e a força da pancada até tive sorte. O problema era o carro nessa noite não poder ficar na rua, na minha garagem tinha, o carro do filho, mota, não tinha lugar para o meu. Mas, lá consegui um lugar até os peritos darem a autorização de deixar o carro na Renault, pois estes carros agora que falam, apitam, e sei lá mais o quê, são excelentes, é verdade, mas nestas situações são uma verdadeira tanga. Pois sendo a bagageira a danificada, o cartão do carro não deixava fechar o carro, está tudo ligado. Mas a jovem que bateu no meu carro, foi impecável, passado menos de 24 horas, já deixei o carro na Renault, e trouxe um carro de substituição. Esta história toda porquê? Pois, eu sei que sou uma grande "surtada" mas também não abuso. Fui cedo para o aeroporto, para precaver todas as situações, para mais véspera de Natal, anda tudo «doido». Como a minha avó dizia: "o seguro morreu de velho". Bem, mas resumido e concluindo, fiz o Cozido à Portuguesa para o almoço, mas como sabem, sobra sempre, como foi o caso. Resolvi separar as carnes coloquei num tupperwre, os legumes noutro e reservei no frigorífico, para fazer esta roupa-velha, pois nas pesquisas da minha Bíblia 👉"O Livro de Pantagruel" tinha lá visto esta receita, e como nunca tinha experimentado, pois roupa-velha na gastronomia, só tinha provado mesmo os restos de bacalhau com as couves do Natal. No jantar de 24 o filho elegeu o Polvo à Lagareiro, por isso só fiz mesmo passado uns dias.
Num tacho piquei duas cebolas médias 4 dentes de alho picados, e reguei com azeite. Levei a lume brando até, a cebola ficar translúcida. Juntei depois carne desfiada, chouriço de carne cortado às rodelas, as salsichas cortadas, e deixei harmonizar sabores, depois juntei as couves e legumes, cortados, envolvi e juntei o resto da farinheira cortada às rodelas, envolvi bem. Juntei 4 ovos batidos e envolvi, tudo, temperei com pimenta-preta moída na hora ao gosto. Foi só deixar o tempo de cozinhar os ovos. Servi de seguida. Não retifiquei o sal, pois para mim, estava excelente, mas se quiserem retificar estão à vontade. Ainda sobrou carne para fazer um empadão ou rancho ou pasteis de massa tenra. E cá em casa vai começar-se a usar roupa-velha dos restos de cozido, pois ficou excelente.
Nota: não utilizei o resto de chouriço de sangue.
__________Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos.__________
Luís de Camões
P.S. Espero que em 2013 realizem os vossos sonhos, continuem a sonhar, pois como a minha avó dizia e António Geão :"o sonho comanda a vida". Vamos ser positivos, e pensar "que tristezas não pagam divídas", como sempre ouvi dizer a minha avó e mãe. Não deixem a situação do País deitar-vos abaixo ok?
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
[In Movimento Perpétuo, 1956]
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
[In Movimento Perpétuo, 1956]