domingo, abril 01, 2012

DOCE DE ABÓBORA EM CUBOS


 A minha amiga Eliete deu-me a provar uns cubos de abóbora doce que a sua mãe tinha feito! O que eu achei uma delicia. Claro, que me disse: que no Brasil, deixam a abóbora devidamente arranjada coberta com água e cal! Ok, eu perguntei: cal? -Sim Isabel, cal!
 Acreditei, pois ela explicou-me como se faz, mas eu resolvi fazer à minha maneira e prescindi do cal. Claro, escusado será dizer, que no final não fica a mesma coisa, mas eu resolvi fazer. Num tacho deitei a abóbora devidamente arranjada e cortada em cubos. Juntei o peso da abóbora em açúcar amarelo, 1 dl de água e 4 paus de canela partidos ao meio. Levei a lume brando e fui mexendo sempre com muito cuidado, para não desfazer os cubos(pois o interesse neste doce, é esse mesmo, encontrar a abóbora inteira) e fui cozinhando sempre em lume brando. Quando achei que estava com a consistência. Apaguei o lume, deixei arrefecer e coloquei em frascos esterilizados.

Notas: para quem gosta de queijo fresco ou requeijão com doce de abóbora, experimentem fazer assim! Fica de outra dimensão, pois a textura da abóbora fica muito diferente e junto ao queijo, ui, ui, nem vos digo nada... 

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P.S. Ao procurar uma citação para colocar hoje na minha postagem, encontrei este texto do Miguel Esteves Cardoso, que simplesmente adorei e que acho uma "grande" verdade. Além que me identifico e muito... mete-me um pouco de confusão as pessoas dizerem tenho muitos amigos. Eu, ou porque sou muito diferente do resto do pessoal, ou sou muito esquisita, ou se calhar nem valho nada. Mas amizade para mim, têm muito significado e, digo: tenho pouco/a(s) amigos no meu percurso de vida, mas são de grande qualidade! Depois claro tenho conhecido/a(s), que é isso que a maioria das pessoas eu acho que confundem amizades/conhecidos...uma citação de [Oscar Wilde] "os meus gostos, são simples, gosto o melhor de tudo!" Mas que me identifico em tudo na minha vida. Que se entenda que o "melhor" para mim, não será o mais caro ok? E sim a qualidade e, isso reporta muito bem as minhas amizades....


"O que Distingue um Amigo Verdadeiro"

Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Ou melhor: amigo. A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas.

Os amigos, como acontece com os amantes, também têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro. A tendência automática é para ter um máximo de amigos ou mesmo ser amigo de toda a gente. Trata-se de uma espécie de promiscuidade, para não dizer a pior. Não se pode ser amigo de todas as pessoas de que se gosta. Às vezes, para se ser amigo de alguém, chega a ser preciso ser-se inimigo de quem se gosta.

Em Portugal, a amizade leva-se a sério e pratica-se bem. É uma coisa à qual se dedica tempo, nervosismo, exaltação. A amizade é vista, e é verdade, como o único sentimento indispensável. No entanto, existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c.

Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. E fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus. A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser.

[Miguel Esteves Cardoso], in 'Os Meus Problemas'