sábado, maio 25, 2013

PAIXÃO PELO CHOCOLATE [HISTÓRIA PARTE 2]


                       (Imagem retirada na net)
Continuando com a história do chocolate, já foi a parte 1, agora segue a parte 2. Espero que vos agrade assim como a mim!

DA AMÉRICA PARA O MUNDO;

Corre o ano de 1524, quando Hernán Cortés envia carregamentos de cacau a Carlos V, e pouco a pouco torna-se moda a nobreza e os membros do clero, mais pela novidade que pelo seu sabor, ainda forte e amargo. Foram os religiosos no México quem mais contribuiu para a difusão do chocolate, apesar da relutância das altas esferas eclesiásticas, devido ao poder excitante que tinha sobre quem o tomava. Por exemplo, o bispo de Chiapas teve de proibir o seu consumo dentro da igreja, porque as damas espanholas, a fim de tornarem mais suportáveis os prolixos sermões, bebiam chocolate durante a cerimónia, servido pelos criados. Esta situação irritou o prelado, que ameaçou excomungá-las se continuassem com aquela prática; elas preferiam abandonar a missa ao chocolate. Conta-se que o bispo morreu pouco depois envenenado...com uma taça de chocolate!

Por fim, foram os próprios clérigos que, para fazerem as pazes, começaram a preparar recipientes com chocolate quente para oferecerem às damas, mas fora da igreja e depois de terminado o sermão.

Diz-se também que o Papa Pio V contribuíram para o aumento do seu consumo ao declarar que o chocolate com água não violava o jejum. Terá sido, com certeza, essa a razão por que os monges foram os primeiros mestres chocolateiros; acredita-se que os frades que seguia na expedição de Hernán Cortés enviou sementes de cacau, bem como as instruções para a sua confecção, ao abade do Mosteiro de Pedra de Saragoça.

O chocolate seguiu o seu caminho, e entrou em Itália (pela mão dos médicos), em França (onde foi introduzido por Ana da Áustria, filha de Filipe III de Espanha, depois do seu casamento com Luís XIII), em Inglaterra (adoptados de imediato pelos aristocratas) e Alemanha (levado por um cientista de Nuremberga).

Contudo, por ser tão amarga, a nova bebida não estava ainda adaptada ao gosto europeu. Em Espanha era apresentada mais como produto medicinal do que como um alimento, porque se procurava evitar a todo o custo que se tornasse um hábito entre a população. Havia até limites de consumo aconselhados: beber chocolate apenas de manhã, à tarde e à noite...

De qualquer modo, o amargor não passou de um pormenor de rápida solução, já que ao fim de pouco tempo se começou a adicionar ao cacau a substância que o complementaria para se obter o chocolate: o açúcar.

Quase um século após a sua descoberta, o chocolate adaptou-se definitivamente ao Velho Mundo e depressa começaram a surgir salões onde se podia degustar a nova bebida.

As chocolatarias ficaram na moda e o exótico manjar converteu-se no leitmotiv das damas da alta sociedade espanhola da época, que se reuniam em salões e mandavam preparar grandes jarros de chocolate. Começou-se também a saborear em pequenas peças sólidas, servidas envoltas em papel dourado para não sujar as mãos. Mais tarde, ao provar estes pequenos pedaços, os franceses diriam: «Bon!, bon!», exclamações que serviram para designar os bombons.

Motivada pela boa recepção do produto, nascia uma nova indústria,e, para além das chocolatarias, outras lojas especializadas foram abrindo, bem como fábricas.

O processo de produção mecanizada iniciou-se em França, no reinado de Luís XIV, que estimulou a produção nacional. Paris abriu a sua primeira loja de chocolates em 1659.

Os ingleses, aproveitando o facto de Espanha lhes ter cedido a Jamaica em 1655, começaram a importar directamente o cacau, e rapidamente abriram o seu primeiro salão de chocolate (1660), a primeira loja de venda de chocolate (1657). e a sua primeira fábrica (1728). Em Espanha, foi estabelecida a primeira produção mecânica de chocolate em Barcelona, em 1777.

É no século XIX que se abrem novos horizontes para a indústria do chocolate e para o público consumidor. Em 1828, o holandês Conrad van Houten inventa um processo que visa separar a manteiga de cacau, dando origem ao cacau em pó. Mais tarde, o chocolate começa a ser preparado com leite e com açúcar, a fim de se obter um sabor mais suave, e a captar também mais apreciadores. Os suíços foram os autores materiais desta nova criação e em 1875 dão a conhecer ao público o primeiro chocolate fabricado com leite, figurando, a partir de então, entre os chocolateiros mais prestigiados do mundo. Nomes como o de Philip Suchard, Heinrich Nestlé, Lindt (em 1879 criou a técnica da «conchagem») e Daniel Peter (o criador do chocolate de leite) soaram ao longo do século XIX, não apenas como artesãos do chocolate, mas também como investigadores de novas técnicas e processo de fabrico.


 
    (Imagem retirada na net)

IMAGEM: HERNÁN CORTÉS É RECEBIDO COMO UM DEUS POR MONTEZUMA, QUE LHE OFERECE XOCOLATL, A BEBIDA DAS PESSOAS.

ILUSTRES APRECIADORES DE CHOCOLATE:

Entre os mais fervorosos adeptos daquela época encontram-se Goethe, Voltaire, Stendhal, e Napoleão Bonaparte. Conta-se que Voltaire se fechava enquanto escrevia e que o seu único alimento até à tarde era chocolate quente e espesso.
Também Maria Teresa da Áustria, mulher de Luís XIV, era uma bebedora inveterada de chocolate. A este propósito, dizia um historiador: « O rei e o chocolate eram as duas grandes paixões da rainha.»


           (Imagem retirada na net)
IMAGEM: PAPA PIO V

AS ORDENS RELIGIOSAS:

As ordens religiosas de regra mais rigorosa proibiam os seus membros de beberem chocolate. Os infractores podiam ser castigados com três dias a pão e água. Mais tarde, o Papa Pio V autorizou o seu consumo fora do convento, embora pudesse ser consumido dentro deste no caso de algum dos membros se encontrar doente.

CHOCOLATE TERAPÊUTICO:

Antigamente pensava-se que uma substância forte e amarga não podia ser senão um medicamento, pelo que o chocolate era empregado no tratamento, por exemplo, da gota, das afecções do piloro, das ressacas provocadas pela ingestão de bebidas alcoólicas, da tuberculose, como tónico para pessoas idosas, etc. Sem dúvida que ao substitui-se o mel pelo açúcar o conceito do produto também mudou.

Continua...