(Imagem retirada na net)
Quando abri o meu blog para escrever uma receita e vi a postagem dum blog que sou seguidora, era sobre os POR-FI-RI-OS, ui, deu-me uma nostalgia, não é que eu seja uma mulher «saudosista» pois acho que tudo tem o seu tempo, o que temos é que vive-los da melhor maneira possível, pois a vida é uma dávida, há que viver e simplesmente não passar por ela, pois a dita não volta para trás. Mas, tenho lembranças na minha memória que vale sempre a pena recordar. Então esta loja, a minha de eleição quando era jovem. O meu pai sempre viajou muito (pela profissão) então trazia sempre roupas para mim e meus irmãos, mas nós raparigas destacava-se mais, pois era um tempo antes do 25 de Abril, as modas cá andávamos atrasadas, mas como eu disse anteriormente o meu pai viajava e trazia roupas que faziam furor, as filhas do Miranda andavam sempre impecáveis. O meu saudoso pai, também ia ele próprio aos Por-fi-ri-os comprar roupa para mim e minha irmã. Sempre foi um homem com um gosto muito acima da média, estava já nos genes dele. Mas, ele ia para aquela confunsão principalmente quando andava na baixa e tinha as suas "fontes" (informação) de quando recebiam mercadoria nova, (novos modelos). Quando chegava a casa, com os sacos, ui, como eu ficava contente (sorrisos). Era muito nova, quando se começou a usar a mini-saia, mas, em Portugal, ainda não se via muito bem, com bons olhos, mas, o meu pai trouxe para mim e minha irmã de uma viajem que fez, e trouxe shorts, e usamos nessa estação «Inverno » com uns casacos maxis, apesar de olharem para nós como se fossemos umas extraterrestres, eu sabia que estávamos excelentes, pois passados uns anitos lá andavam iguais. Só que nós tínhamos sido as primeiras principalmente na Amadora. Ao estar a recordar, os Pro-fi-ri-os, é porque esta loja estava muito à frente nas modas... mas, o meu pai entrava lá e comprava para nós. Eu em jovem nunca fui sozinha aos Pro-fi-ri-os, o meu pai não deixava. (Eu sei, é um contrancensso, mas ele era só moderno nas roupas, não gostava que as filhas se misturassem com as liberdades que se começaram a manifestar na altura do 25 de Abril.) Então eu com os meus 14 anos quando queria ir aos Por-fi-ri-os, ia com o meu pai, a minha mãe e muitas vezes a minha avó paterna tinha a pachorra de ir comigo, ficava na porta, pois dizia que lhe metia confusão a escuridão e a música (barulho) e eu toda contente, lá andava naquele delírio que era escolher roupa naquele espaço. O meu pai entrava sempre comigo, a minha mãe era a única que fazia um grande frete para ir. Ao recordar uma loja tão importante na minha juventude (agora chama-se adolescência), fiquei com saudades, não da juventude, mas sim dos momentos, dos meus pais, e recordar o quanto o meu pai tinha bom gosto. Obrigada mãe, obrigada avó (paterna), mas pai, muito obrigada pelos bons momentos que fiquei na minha memória, os menos bons, esses o vento já teve o cuidado de os levar. Por isso hoje com 54 anos, e já com a sabedoria que a idade teve o cuidado de me presentear, e ligando muito à máxima que sempre ouvi a minha avó paterna dizer:" ter 20 anos e saber o que sei hoje". Ok, quando nova achava uma palermice, aliás achava que sabia tudo como é comum nos jovens. Mas hoje penso muito, e digo:-Muito obrigada pai!
P.S. Tinha fotos, para colocar aqui, quando eu era jovem, vestida com roupas dos Por-fi-ri-os, mas não coloco. Como eu já disse/escrevi uma vez, não coloco fotos minhas, as que coloquei era criança nem dos meus filhos, as que coloquei dos filhos eram bebés, não tenho autorização deles para o fazer com fotos actuais, ao qual eu respeito, como tudo o que seja relacionado com eles. Já no FB é o mesmo! Quando entrei no dito, disseram logo: -Mãe, não quero fotos minhas lá. No FB deles colocam o que querem mas, no meu eu respeito a opinião deles e compreendo perfeitamente.
___:::Saudades:::___
Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!
Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!
Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.
Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,
Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...
Clarice Lispector