Pai, a saudade dizem que não mata, mas acredita que doí, e continua. 9 anos se passaram da tua partida, parece que foi ontem tal continua a dor. Há 15 dias eu e o meu irmão voltamos a passar "quase" por outro funeral teu, pois foi o levantamento da ossada, escolhemos a cremação, então foi de novo ir à funerária tratar da mesma. Depois ir buscar as tuas cinzas, depois fazer o que eu quero que os meus filhos me façam, pai, nunca falamos sobre a cremação, mas quando nos encontrar-mos de novo, sei que concordarás com a nossa decisão. Sempre adoraste mar, sempre adoraste nadar, eras um exemplar nadador, ainda me lembro, quando íamos à praia e nós crianças (eu e os meus irmãos) íamos para a água, tu como pai cuidadoso, nunca dizias: tenham cuidado! Mas levantavas-te logo da toalha e com as mãos atrás nas costas estavas sempre de olho em cima de nós. Um dia, nem sei como, só sei que te senti a agarrares-me e trazer para a beira-mar, e dizer:-Belinha tens que ter cuidado, não podes ir onde não tens pé. Talvez pela tua segurança, e não nos meter medo, tanto eu como os meus irmãos aprendemos a nadar no mar, sempre com um pai atento. Era eu miúda e lembro-me de um dia irmos para a praia com a mãe e outras pessoas, tu não ias, mas ouvi-te a dizer à mãe:- Não deixes os miúdos (como nos tratavas, quando te referias a nós e falavas com a mãe) se afastarem tem cuidado com eles. Pai, meu querido pai, hoje não vou falar mais, sabes que falo diariamente contigo e a mãe, não há dia que não me lembre ou pense o que achariam de alguma situação, continuam comigo sempre, não fisicamente, mas na minha essência, e estarão sempre até àquele dia que vos vou abraçar de novo, pois eu acredito meu pai. Pai, hoje a foto, é de uma luvas de boxe penduradas, as tuas luvas? Penduraste no dia 👉2 de Março de 2008. ♥♥
"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, excepto quem a sente."
(William Shakespeare)