sexta-feira, novembro 15, 2019

COELHO

                                                           (Imagem retirada da net)
Hoje não há receita e sim uma situação, esclarecimento (whatever). Quem me segue, nunca viu receitas com a carne de coelho por aqui, certo? Então é assim, nunca comi coelho na minha vida. Se comi, foi enquanto não sabia o que era (em bebé/criança pequenina) pois eu a partir de tenra idade, estava sempre com a minha saudosa mãe na cozinha e via o que a minha mãe fazia. Quando via a minha saudosa mãe a tratar do bicharoco eu dizia logo: não quero mãe, e sei que saia do pé da minha mãe, não gostava de ver o bicharoco. Quando chegava à hora da refeição eu comia sempre outra coisa. Mas eu cresci, claro como convém, e continuei a não comer, e não é porque eu não goste, nem sei, pois nunca comi, mas podem crer que não estou interessada de todo em saber.😎

     O tempo foi passando, e a Isabel sem comer coelho, casei com 17 anos (1976) e claro, coelho, era ingrediente que não entrava na minha casa, o marido gostava, mas comia fora de casa, coelho que eu fizesse ou tocasse: nunca.😳 Nasceram os filhos a minha filha quando eu tinha 20 anos e o filho quando eu tinha 25, e nunca dei coelho, se eu não comia, nem tocava, o mesmo passei para os filhos. Só que a educação que dei ao filhos, foi: quando somos visita de alguém, nunca se deve dizer: não gosto, pode se comer menos ou fingir e só tocar, mas a palavra: não gosto, não pode existir.

    Tiveram sorte, só aconteceu uma vez, eram muito novinhos, e fomos almoçar a casa de um casal amigo, sendo eles Alentejanos, tinham sempre coelhos, galinhas, patos e todos os bicharocos, que os pais mandavam quando eles os visitavam. Saiu coelho, os olhos dos meus filhos, a olharem para mim a pedir socorro😥 Fui logo em auxilio fazer os pratos deles, batatas, e bastante salada, compus o prato sem os meus amigos repararem sequer que não tinha o bicharoco, e que eles não tocaram no coelho. O meu prato idem aspas, os pratos estavam tão bonitinhos que nem dava para ver e no meio da conversa ninguém reparou.😂

     O tempo foi passando, e os meus saudosos pais adoravam o bicharoco, e comiam muito, entretanto quando o meu pai adoeceu, a minha saudosa mãe fazia a lista e eu ia às compras ao Continente (a segunda loja a abrir em Portugal, a primeira foi em Matosinhos) ou Jumbo (AUCHAN) de Alfragide, quando eu olhava para a lista e lia coelho, até me arrepiava. Mas, claro lá ia eu às compras e ver como ia contornar a situação. Agarrava no carrinho, e bora com ela (eu). Quando estava as compras todas no carrinho lá me dirigia para os frigoríficos das carnes, colocava no carrinho o que a minha saudosa mãe tinha pedido na lista de compras, agora o coelho, é que era... Não conseguia mexer no bichano, esperava que alguém chegasse perto dos ditos e pedia gentilmente se me colocava um ou dois coelhos conforme o pedido na lista no carrinho, explicava que não conseguia tocar, algumas pessoas olhavam para mim e deviam pensar: mais uma louca, 😁 o que nem estavam longe da verdade.😇 Pronto, o ou os bicharocos no carrinho lá ia eu para a caixa para pagar. Outro filme quando chegava à caixa. Lá pedia de novo quem estava à minha frente (nunca ia para uma caixa vazia), se tinha a gentileza, de colocar o os bicharocos no tapete, pois eu não conseguia tocar. Mais uma vez a pessoa devia pensar mais uma louca. Quando eu chegava a ser atendida, a senhora da caixa colocava as compras nos sacos de plástico (sim há 12 anos ainda não  estávamos combater a excessiva poluição por plásticos que atinge o mundo todo) ainda andávamos muito naif.

      Compras arrumadas segue (eu) para o carro arrumar os sacos. Quando chego a casa dos meus pais levo os sacos para cima, arrumo as compras à minha mãe, agora o saco dos bicharocos deixava sempre em cima do lava-loiças para a minha mãe tratar. Muito a minha mãe se ria quando eu lhe contava a odisseia dos coelhitos até chegarem ali.😇 Quando o meu saudoso pai partiu, logo de seguida fica a minha mãe também doente. Continuei a ir aos mesmos sítios às compras, quando a minha mãe estava com mais força ia sempre comigo, devagar mas ia e era ela que colocava o coelho no carro ou em cima do tapete, eu nunquinha tocava. Não consigo, tocar, e quando estou há espera de ser atendida no talho, e vejo os bicharocos, desvio sempre o olhar o mais possível.😬

    Esta estória (história) toda porquê? Ao longo da minha passagem pela blogosfera, são imensos e-mails que recebo a perguntar o porquê de não ter receitas com coelho, ou então a pedirem receitas com o bichinho. Peço imensas desculpas de desiludir os meus seguidores, mas não passo receitas que eu não tenha feito, tenho imensas receitas em tantos livros, se por acaso mesmo assim quiserem que eu coloque aqui no blog receitas de coelho, mas sem foto que eu tenha feito, digam que não me custa, só não posso dizer se fica bom ou não, isso depois fica ao vosso gosto, ok? Peçam no e-mail, facebook ou Instagram.

"Porque aprendi que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre para tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo…"

(Caio Fernando Abreu)