Meu Pai 17 anos se passaram da tua 👉partida, já é um bocado de tempo, mas "porra" continua a doer, e podes crer que mesmo com o tempo passado não diminuiu a dor, aliás tenho a certeza que até aumentou. Meu Pai, eu escrevi (porra) sabes que nunca disse asneiras, aliás nem nunca gostei de ouvir. Mas sabes que quando criança e me magoava tinha o hábito de dizer: porra, ficava logo muito aflita, mas a avó Amélia a tua Mãe, tranquilizava-me logo e dizia: Belinha, porra não é asneira é um pau, está descansada. E assim continuei pela minha caminhada de vida, onde só digo: porra, m, e caraças, e preciso estar bem aborrecida. Os teus netos também não dizem asneiras à minha frente, hoje em dia o Mauro por vezes ao estar a contar-me algum episódio de algum amigo, conta mas antes diz logo: oh Mãe, ele diz asneiras e sem elas a estória não tem graça, eu digo logo: segue para bingo. Não me choca, pois o teu neto teve o cuidado de me avisar antes, e com 66 anos nunca ouvi os teus netos dizer uma asneira à minha frente a não ser estes episódios. A isso se chama educação e respeito, o que tu e a Mãe tão bem me transmitiram e eu respeitosamente aceitei e ficou gravado na minha essência de Mulher. Meu Pai, todos os dias penso e falo contigo e com a Mãe, não há um dia que passe que isso não aconteça. Saudades? São bem duras principalmente as da ausência fisíca. Mas eu acredito no nosso reencontro. Meu Pai, até aquele dia que te vou abraçar.🙏Amo-te💓
fizemos, a visita e o gesto adiados, a palavra não dita, a compreensão não
exercida, o papo azeda, a advertência desdenhada, o convite
abandonando sem resposta, o interesse desinteressado, tudo isso volta,
massacrante, cobrando-nos o egoísmo. O tempo deixa de ser exercício de
desperdício gratuitos e começa a se transformar num bem maior: o que
ensina a arte de uma convivência que com ele nunca se soube exercer e,
já, tempo não há de recuperar."
(Artur da Távola)