Bem, lá vão dizer: lá vem a Isabel com mais uma estória da infância! Pois, mas tem que ser, e quem não gostar, não visita o "Cozinhar com os Anjos" porque eu sempre, fui, sou e serei assim! A verdade acima de tudo! Além que nas minhas memórias de infância, tenho muitas. Se sou uma mulher tão ligada, aos sentidos, só pode! Quando eu era criança o peixe que eu gostava era carapau, chicharro, cavalas ou sardas. Mas era só eu lá em casa (chicharro, o meu pai até gostava). Na rua onde os meus pais moravam havia uma peixaria a 100 m de casa, onde havia uma barbearia, e o senhor da barbearia morava no 3º andar do nosso prédio. Ele ia muito cedo para a loja, onde passava pela peixaria e se havia os meus peixes preferidos ele mandava logo guardar para a Belinha (eu) e depois tocava à porta de minha casa e dizia à minha mãe. Pois, e porquê? Pois sendo um peixe baratinho, o pessoal lá da rua comprava muito para os gatos ok, mas os gatos nunca os vi! Tinham vergonha de dizer que era para eles próprios. E como a minha mãe ia só às compras um pouco mais tarde, pois tinha que tratar primeiro dos filhos que sendo 3 com diferencia de um ano e meio de cada um, não era pera doce. A minha mãe quando chegava à peixeiria, claro, se não fosse a gentileza do vizinho, tinha que ouvir o meu comentário: não quero, não gosto! Pois a minha mãe comprava muito pescada e outros peixes, adoro peixe(aliás prefiro peixe à carne) mas pescada nunca gostei, e continuo a não ser apreciadora. E sendo assim a minha mãe comprava o peixe para o pessoal lá de casa e comprava o meu preferido, e que feliz que eu ficava. Eu desde criança sempre adorei estar na cozinha, a minha mãe quando vinha da peixaria colocava o peixe embrulhado em jornal(naquele tempo era jornal) e dizia: Belinha a mãe vai buscar o resto das compras e já vem! Não mexas no peixe! Ok, era só ela virar as costas e lá ia a Belinha armar-se em peixeira ou cozinheira. :) se vinha o meu chicharro, eu adorava tirar a serrilha, mas o pior é que tirava a serrilha e o peixe, pois ficava só a espinha à mostra, se era pescada, quando a minha mãe chegava, a pescada coitadinha já tinha visto melhores dias, estava mole. :) claro, depois ralhava-me: a mãe não disse para não mexeres? O dizer, até tinha dito, mas a vontade de eu ajudar, ou desajudar é que era muita. Até um dia! Um dia coloca lá o peixe embrulhado em cima da bancada e diz: não mexas Belinha!-Está bem mãe! Mas teimosa como eu sempre fui, lá vou eu logo para a cozinha. Só que nesse dia "o tiro saiu-me pela culatra". Quando eu toda feita me vou armar em peixeira e abro o embrulho de jornal e vejo as "cobrinhas"(enguias) a mexerem-se largo tudo no chão e à pernas para que te quero, fecho a porta da cozinha e coloco-me em cima do sofá da sala há espera da minha mãe. Ok, a minha mãe quando chegou riu-se , mas amigos/as foi "remédio santo" nunca mais estraguei peixe à minha mãe, pois eu sabia lá o que estava embrulhado no jornal, e para sustos, não muito obrigada, não queria mais! E quando eu conto isto não pensem que eu já era uma jovem, e sim uma criança com talvez uns cinco seis anos, pois ainda não andava na escola. No meu tempo só com 7 anos se entrava na dita! Ufa, grande estória para dizer uma receitinha de cavala que fiz só para mim! 😂 vamos lá à receitinha:
Esta receita retirei do
"Doze meses de cozinha", foi o meu 1º livro de cozinha que pedi ao meu pai, tinha eu uns 13/14 anos e lembro-me perfeitamente quanto custou! 500$00 naquele tempo não foi barato. Pois, já o tenho na minha companhia há uns 39/40 anos ok? Agora o nome da receita, eu acho que devia alterar para "Cavalas Isabel sem-medo"
😂
"Este prato oferece a possibilidade de saborear um dos peixes economicamente mais acessíveis."
Ingredientes:(para 4 pessoas)
-4 cavalas médias
-4 tomates maduros médios
-1 cebola grande
-2 dentes de alho
-1 colher(de sopa) de manteiga
-3 colheres de sopa de azeite
-1 colher (de sopa)) de mostarda
-2 colheres (de sopa) de farinha
-1,5 dl de caldo de peixe
-sal e pimenta
Arranje as cavalas como habitualmente, lave-as e enxugue-as. Tempere com sal e pimenta. Aqueça o azeite com a manteiga numa frigideira. Passe as cavalas por farinha, introduza-as na gordura bem quente e aloure-as de ambos os lados. Reduza o calor, para permitir a cozedura do peixe sem queimar a gordura. Retire as cavalas da frigideira e coloque-as na travessa onde irão ser servidas, previamente aquecida.
Descasque e pique a cebola . Junte-a à gordura onde as cavalas cozeram. Pele os tomates. Corte-os em bocados e junte-os à cebola e aos dentes de alho pelados e esmagados. Regue com o caldo de peixe, que deve ser muito concentrado e estar bem quente. Deixe cozer com o lume muito forte mexendo de vez em quando, até obter um puré líquido. Junte ainda sobre o lume, a mostarda e rectifique temperos.
Deite este molho sobre as cavalas e sirva imediatamente acompanhado com batatas cozidas polvilhadas com salsa.
Nota: da provadora oficial(eu): brutalissimo...agora eu coloquei a receita como está no livro, mas claro, que as quantidades para mim foram alteradas, pois fiz mesmo só para mim ok?
"O que a memória ama, fica eterno. Te amo com a memória, imperecível." (Amo-vos meus pais) (eu)
[Adélia Prado]