A fazer uma limpeza ao interior dos armários e móveis (não sei se vos acontece, a mim sim, mas as loiças (copos) que não estão a uso diariamente, ficam baços, e eu sendo uma eterna chatinha, faço limpeza mesmo ao que não se vê neste caso dentro dos móveis e armários. Depois é limpar copo por copo, o que leva umas boas horas, se não um dia, à quantidade de loiça que tenho. Foi num desses dias que vi os copos da Sidra que comprei quando fui às
Astúrias (
Picos da Europa), de férias no ano 1995. Eu a partir loiça é mágico, parece que tenho buracos nas mãos, mas estes copos são tão frágeis e nem com a mudança para esta minha casa, parti algum, outros e loiça, partiram-se estes não.
:) Mas ao limpar os copos (re) lembrei a tão afamada fabada Asturiana, que comemos quando as nossas férias a tão precioso lugar. Não fiquei encantada, pois penso que a "nossa" feijoada, ganha aos pontos, o mesmo não se passou com as Astúrias que adorei. O leite, a manteiga que comia ao pequeno-almoço era de um sabor brutal. O leite e manteiga quando cheguei a Portugal, encontrei na Makro de Alfragide comecei a comprar, era/é umas garrafas de 1,5 L mais tarde o Continente também começou a ter, o nome é Asturiana, mas quando abriu o ECI, só mesmo lá é que se encontra, como o feijão para fazer a fabada, mas não me apeteceu ir para Lisboa para satisfazer um desejo. Resolvi fazer com a "nossa" feijoca. O meu tio espanhol, explicou-me uma vez, que a fabada era tudo cozido, já a feijoada Portuguesa também os ingredientes são cozidos, mas são transformados num guisado. Vou dizer como fiz, as quantidades, cada um faça a vossa.
Ingredientes:
-feijoca
-1 tira de toucinho (entremeada)
-1 tira generosa de bacon fumado
-chouriço de carne picante (usei chouriço picante da zona de Cinfães)
-morcela (não de arroz)
-sal marinho
-açafrão em farripas
-pimenta cayenne (usem o picante ao vosso gosto, ou nem usem, fica ao vosso gosto)
Demolhei a feijoca e temperei o toucinho (entremeada) com sal marinho. Deixei de um dia para o outro. Num tacho largo, coloquei o feijão, o toucinho, o bacon, o chouriço e a morcela, e cobri dois dedos acima dos ingredientes com água. Levei ao lume a cozer, com a escumadeira fui eliminando a espuma que se forma na superfície. Ao fim de 40 minutos fui retirando os chouriços e carne que estivesse cozida, reservei e deixei o feijão continuar a cozer na água com o sabor e gordura que os enchidos e carnes largaram. Nessa altura adicionei o açafrão esfarelado e a pimenta cayenne e envolvi bem, deixei continuar a cozinhar em lume brando, para os sabores se misturarem. Quando o feijão estava cozido, adicionei as carnes cortadas em pequenos pedaços e enchidos cortados em rodelas largas e rectificar o sal. Não utilizei mais sal, pois o dos enchidos, bacon e do sal marinho da entremeada, para mim mais que suficiente, mas cada um sabe dos seus gostos. Deixar o tempo de harmonizar sabores.
P.S. Quando estivemos nas Astúrias o filho nem provou a fabada (ainda estava na idade que sem provar dizia: não gosto)
:) e eu nunca fui mãe de obrigar os filhos a comerem seja o que fosse. Pensava, quando chegar o tempo vão aprender a gostar. Mais uma vez o (tempo) deu-me razão, o filho hoje é um grande apreciador de feijoadas, e esta comeu e disse: Brutal.
Eu quando digo: que nunca obriguei os meus filhos a comerem algo que não queriam ou diziam que não gostavam, não estou a dizer que sou melhor mãe ou pior mãe que as outras. Só nunca compreendi aquelas mães que obrigavam (tinha uma amiga que o fazia) os filhos a comer algo, e se não comessem ao almoço, o prato passava para o lanche, jantar, e se fosse preciso para o pequeno-almoço e assim andava um prato com a comida fria o requentada, que a mim me dava vómitos quanto mais a uma criança. Nunca fui de gostar nada que me obrigassem, então se eu não gostava, porquê obrigar os filhos a fazer algo que eu detestava. Já a minha avó dizia:" não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti".
"A Saudade"
A saudade é o que faz as coisas pararem no Tempo.
(Mario Quintana)